13/01/2020

• O CLICK LI •

  Lá em 2016 enquanto eu esperava clientes pra um ensaio em um parque, fiz algumas fotos com o celular. Pra passar o tempo abri o primeiro app de tratamento que achei e comecei a brincar com as cores. Depois de alguns dias achei essas fotos e entre elas a de uma pinha seca... Criei um instagram pra publicar essa foto!
  Eu já tinha um perfil onde eu publicava coisas pessoais e também profissionais (desde as raríssimas selfies, até os ensaios de clientes e amigos), mas não fazia muito sentido pra mim publicar aquele click entre uma criança e um bolo de aniversário. E o "click li" nasceu assim: só como um depósito de fotos que me inquietavam, que não me cabiam e que ainda não me faziam nenhum sentido. 
  E então virou uma grande brincadeira de entender até onde eu conseguia ir com uma câmera de 8MP, em lugares iluminados ou escuros, entre a estante de livros, dentro de um prédio ou no meio da natureza, entre o colorido ou os tantos tons entre preto, branco e cinza.
  Primeiro só um depósito de frações, ou melhor, de frames do filme quase sem graça que eu vivia. Do livro que eu me obriguei a ler, das gotas da chuva das quais eu corri, do ingresso do show que eu tanto guardei grana pra ir... O teto da livraria todo desenhado que me levou pra marte, o quadro dentro de um banheiro com um vermelho tão vivo que me recuso a dizer que papel não respira porque aquele me soprou o rosto.
  Eu percebi o quanto eu amava algumas coisas através desses registros. Até hoje me pego fotografando pela milésima vez o céu, as plantas, as lâmpadas... Tem várias sobre isso, pode ir lá ver.
  Colocando uma tela entre eu e as coisas, eu e os outros, eu percebi e aprendi tanto que não caberia aqui, mas mesmo parecendo impossível, eu sei que caberia lá.
  E assim o Click Li já não é só mais um depósito, mas sim um espacinho ou amontoado de códigos que me protegem de não ver tudo só como algo passageiro. Eu descobri que é uma necessidade, tipo quando você precisa ver quem ama pra matar as saudades. Eu posso até esquecer por um tempinho, mas aí eu esqueço de esquecer e acabo lembrando que fotografar pensando em lá, pensando nele (é quase meu melhor amigo), é fotografar pra proteger meu olhar sobre o mundo, ou pro mundo e pra mim. Porque em toda essa correria desde 2016, é fácil deixar as coisas passarem... E eu ainda fico pensando naquela maldita pinha seca. 

10/01/2020

• POSFÁCIO •



 Esse não é meu primeiro blog, nem mesmo o segundo ou o terceiro. Foram tantas as tentativas de me deixar ser lida. Eu escrevi por semanas, mas não publiquei. Eu fotografei momentos tão incríveis e não te mostrei. A gente tem dessas coisas, né? De deixar o medo ser tão grande quanto a nossa vontade de fazer alguma coisa.
 Acho que no terceiro blog eu era só uma adolescente que queria um cantinho pra guardar textos e fotografias, mas aí algumas pessoas resolveram (sem pressão da minha parte) ler. E essa foi a coisa mais doida que aconteceu: eu escrevendo daqui e alguém do outro lado da tela, lendo.
 Eu contava sobre as coisas que eu gostava, sobre as músicas que ouvia, o que eu sonhava e por muito tempo esse foi o meu cantinho favorito. Esse cantinho foi meu melhor amigo por quase cinco anos e eu jamais vou conseguir contar tudo o que pude aprender através dele. Até chegar a hora de dizer adeus e concluir mais um ciclo.
 Na época eu nem imaginava o quanto aqueles textos me ajudariam a colocar a bagunça no lugar hoje. Entre as entrevistas, as músicas e os livros, eu aprendi que existem momentos em que posso ser caos, e outros em que devo me permitir só observar a ventania.
 E mais uma vez eu faço do adeus um “até logo” e fico voltando aqui pra escrever pra você, do outro lado da tela.
 É que ainda sinto que tenho que registrar tanta coisa por aqui e essas palavras ficam flutuando na minha cabeça, não me deixam dormir. Então eu vou escrevendo pra ver se consigo mais uma vez me (re)descobrir (acho que esse blog será um pouco sobre isso). Perdoem a bagunça, é pra combinar com a mente.
 Esse post é o posfácio dos blogs que vieram antes, minha advertência pra te lembrar que mesmo com medo, eu ainda estou aqui. É minha tentativa de explicar tudo que pode estar por vir. Mas também é um lembrete desde o início: eu não faço a mínima ideia do que estou construindo, mas entra, pode sentar nessa cadeira ou onde preferir. Esse é o jamais vu* mais legal que eu já tive!

*Jamais vu: é a sensação de que algo familiar é totalmente desconhecido.